Eram 22 horas do dia 11 de março de 1999, dia típico de verão. Você se lembra onde estava e o que estava fazendo naquele exato momento? Acredito que vai me dizer que não se lembra nem do que almoçou ontem, quanto mais o que estava fazendo há 20 anos atrás. Mas se você for um dos 60 milhões de brasileiros que estava em um dos estados do Sul, Sudeste e Centro Oeste do Brasil que sofreu por 4 horas o apagão mais longo da história do Brasil, provavelmente você vai lembrar onde estava, com quem estava e o que estava fazendo naquele momento.
Engraçado! Nós temos muita dificuldade de lembrar do que fazíamos há dias atrás, mas se formos lembrar daquele apagão, a gente se recorda até a roupa que estava usando naquela hora. Por que será?
Uma das principais razões de nunca esquecermos de uma noite de blackout, além de ter sido considerado um evento histórico para o Brasil, você naquele momento estava consumindo a eletricidade de alguma forma. Luz acesa, Televisão ligada, usando computador, subindo de elevador, refrescando na frente do ventilador ou ar condicionado, … Quando cessa a energia é que percebemos o quanto ela nos faz falta.
Apesar de ter pego quase todo mundo de surpresa, nós, engenheiros eletricistas, além dos especialistas do setor elétrico, já alertávamos da tragédia. Mais que isso, nós tentávamos evitá-la desde a década de 90, avisando às autoridades o aumento do consumo que estava a cada ano mais próximo da capacidade que as usinas estavam dispostas a oferecer. E se não investirmos em novas fontes de energia, de preferência limpas e renováveis, que é o caso da energia solar e eólica, o sistema elétrico iria entrar em colapso.
As Causas Divulgadas x Possíveis para o Blackout
No dia seguinte após o apagão, o ministro de Minas e Energia alegou que a razão para o Blackout foi um raio que caiu na Subestação em São Paulo. Com isso as linhas foram cortadas automaticamente. As outras linhas não suportaram a demanda e foram também abrindo gerando o efeito dominó.
Pode ser verdade. Mas creio que não foram divulgados em sua totalidade os outros fatores ocorridos para que chegasse naquele estágio.
- Hidrelétricas Sobrecarregadas – As principais Hidrelétricas, Usina de Itaipu, no Sul, e a Chesf, no Nordeste, desde aquela época, já estavam suprindo no limite.
- Falta de chuvas – Naquela época as chuvas no Sul estavam escassas.
- Não Havia um Plano B – Houve uma desorganização e falta de investimentos para o setor elétrico.
- Pouca ou Nenhuma orientação de Conservação / Eficientização – O governo ao invés de ter ao menos orientado antes ou após o incidente a conservar ou eficientizar a nossa energia, eles nos obrigaram a reduzir o nosso consumo.
Como Consequência: O Racionamento de Energia
Após o Blackout o governo percebeu que havia uma fragilidade no sistema elétrico desde a geração até o fornecimento. A curto prazo, eles criaram, em 2000, o Plano de Racionamento de Energia que, conforme tinha dito anteriormente, exigiram aos consumidores a reduzirem o consumo de energia. Isso mesmo, fomos penalizados pela falha de gestão do governo naquela época. Essa imposição foi finalizada em 2002, quando as chuvas haviam normalizado os reservatórios.
Mas ainda havia o problema de as usinas hidráulicas não suprirem os consumidores, sendo obrigado a acionar as termoelétricas, que são mais caras. Foram avaliados investimentos em fontes alternativas, inclusive energia solar e eólica, mas infelizmente eram muito custosos a aquisição, instalação e manutenção.
Os especialistas voltaram a alertar que se algo não for feito para melhorar o setor elétrico, em breve teremos um novo apagão.
10 Anos Depois…
Na noite de 10 de novembro de 2009, houve um novo Apagão, e desta vez afetou 90 milhões de pessoas. Só retornou entre 1 e 2 horas da manhã, dependendo do estado. E novamente o ministro de Minas e Energia teve que dar explicações.
No intuito de compreendermos o cenário da energia no nosso país no passado para que possamos entender e antever o que está por vir, elaborei dois gráficos: no gráfico 1, demonstro a capacidade de geração anual de cada Fonte / Usina. No gráfico 2, informo o consumo anual de cada classe de consumidor. Podemos notar no gráfico 1 que até 2011 a geração era predominantemente hidráulica. E no gráfico 2, o consumo total de cada ano ficava bem próximo da disponibilidade de consumo da hidráulica. Em 2012, o nosso consumo superou a hidráulica, sendo necessário acionar as termoelétricas para compor a falta.
Nos anos seguintes novamente foram acionadas as termoelétricas, obrigando a ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica) a rever os custos, criando assim em 2015 a Cobrança Extra (Bandeirada), que é a contabilização dos custos no acionamento das termoelétricas.
Observa-se que as indústrias recuaram em 2012 o consumo, e foi mais acentuado nos anos posteriores devido a redução de gastos, mais a falência / crise. Mas isso é assunto para um outro artigo.
A Solução para o Apagão é a Energia Solar
Novamente foram revistos os projetos de instalação tanto de energia solar quanto energia eólica, e como os equipamentos começaram a ficar mais baratos e, consequentemente, a ficar bastante interessantes tantos aos empresários quantos aos consumidores instalarem energia solar nas residências e nas indústrias. No gráfico 3, podemos observar que de 2010 (após o 2º maior apagão) até 2017, houve uma redução nos preços dos módulos fotovoltaicos de $1,80/Watt para $0,35/Watt, representando uma queda de 80,6% em 7 anos.
Com a queda do preço dos equipamentos fotovoltaicos combinados com as cobranças extras (bandeiradas) começou a provocar no consumidor interesse em investir na instalação de células fotovoltaicas em suas residências. O Investimento na aquisição e instalação, em poucos anos, esses consumidores estarão com os seus gastos amortizados. Por exemplo, se uma família de 4 pessoas gasta uns R$ 250,00 por mês de conta de luz, em 7 anos ela terá gasto R$21.000,00. Se essa família resolver investir R$20.000,00 em energia solar, em menos de 7 anos já estará no lucro.
Isso é um exemplo hipotético. Depende de caso a caso. Mas como eu disse, os custos diminuíram muito. No link a seguir, temos diversos kits fotovoltaicos a qual entrando em cada kit teremos todo o detalhamento e seu preço total.
Energia Solar – Kit Fotovoltaico
A tendência é de aumentar exponencialmente a procura. Estimo que nos próximos anos, talvez até nos próximos meses, a tendência desse mercado aumente ainda mais. E para um país que está em crise é uma grande oportunidade para aproveitar um nicho que está em franca expansão.
Para aqueles que se interessarem nesse mercado, mas não têm especialização na área, aconselho a procurarem bons cursos para esse mercado. Abaixo deixo o link de excelentes cursos que ensinam e treinam para serem profissionais, tanto de instalador quanto especialista fotovoltaico.
Cursos & Treinamentos – Energia Solar
É importante se destacar no mercado, uma vez a tendência é que a energia solar cresça e desenvolva, e com isso o Brasil se torne referência em Energia Solar. E com isso, evitamos de haver novamente aquela desorganização do passado, ou pior, que busquem profissionais de fora.
Abaixo também deixo o link de livros que aprofundam bem temas como eficiência, sustentabilidade e energia solar.
Livros
Vemos que no gráfico 4 a quantidade de consumidores que aderiram a mini ou micro geração. Nota-se que os números estavam modestos até 2015, época em que entrou a cobrança extra. Na primeira metade de 2018 a quantidade de consumidores que entrou foi 18 vezes a mais que em 2015.
Com certeza nos próximos anos entrarão não mais dezenas de milhares, mas centenas de milhares. Não me espantaria se em uma década chegarmos a ter milhões de consumidores aderindo à energia solar. E essa migração não só beneficiará o consumidor, como também aliviará as usinas hidrelétricas. Isso sem falar que estaremos contribuindo para o bem estar do meio ambiente, tendo em vista que essa fonte de energia é limpa e renovável.
Grafeno – A Revolução do Século
2 comentários em “Energia Solar – A Luz no fim do Apagão”